18 de junho de 2008

A sombra do Vento

Haviam de passar muitos meses de olhares e anseios vãos antes que Julián Carax e Penélope pudessem estar a sós. Viviam do acaso. Encontravam-se nos corredores, observavam-se de extremos opostos da mesa, roçavam-se em silêncio, sentiam-se na ausência. Trocaram as primeiras palavras na biblioteca da casa da Avenida del Tibidabo numa tarde de tempestade em que a «Villa Penélope» se inundou do esplendor de círios, apenas uns segundos roubados à penumbra em que Julián julgou ver nos olhos da rapariga a certeza de que ambos sentiam o mesmo, que os devorava o mesmo segredo.

Carlos Ruiz Zafón

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